"Quem sae da Quinta dos Frades, na Outra-Banda, e segue a estrada para o norte, vae ter a um lindo valle, a que chamam Cova da Piedade"     'António Avelino Amaro da Silva'

A Vila

Integrado actualmente na malha urbana consolidada da cidade de Almada, o território da freguesia da Cova da Piedade, criada a 7 de Fevereiro de 1928, abrange um conjunto de localidades e lugares que, até meados do século XX, se distinguiam entre si e eram designados através de topónimos próprios, nomeadamente: Ramalha, Mutela, Caramujo, Romeira, Barrocas, Pombal, Brejo e Caranguejais. Em alguns casos os topónimos designavam áreas que se prolongam pelas freguesias que lhe estão contíguas: Almada, Pragal, Feijó e Laranjeiro, as duas últimas criadas em território desanexado à freguesia da Cova da Piedade.

Encontramos referências ao lugar desde a Idade Média, onde a desaparecida igreja de São Simão era local de culto e veneração. Nesta região de quintas e beira-rio, a população dividia-se entre a agricultura, a actividade piscatória e em diversas actividades artesanais como Tanoeiros, Sapateiros, Carpinteiros Navais, Oleiros e outros. Era ainda terra de Almocreves que ajudavam na descarga e transporte de mercadorias e produtos hortícolas de e para Cacilhas, beneficiando da proximidade da grande cidade de Lisboa.

A partir de 1880, a chegada do comboio ao Barreiro facilita o transporte de matérias-primas, promovendo o processo de industrialização da zona ribeirinha, onde se instalaram fábricas de transformação de cortiça, estaleiros de construção naval, um forno de cal e mais tanoarias.

A proximidade da freguesia com o Rio Tejo, acabou por trazer as suas vantagens, como a já referida construção naval. A descoberta da utilização motriz do vapor e da electricidade alteraram significativamente a indústria naval e a concepção dos navios. Foi então profunda, a transformação em virtude do aparecimento dos navios de aço e da propulsão a vapor, em detrimento dos navios de madeira e à vela. Em 1928 outorgou-se o contrato para a construção do Arsenal do Alfeite, ao abrigo do regime das reparações de guerra alemãs, tendo as obras de construção sido concluídas em Dezembro de 1937.

No ano seguinte, a Empresa inicia o processo de laboração total, passando a ser considerado um dos maiores e melhor apetrechados estabelecimentos do género em todo o Mundo. Até aos anos 30-40, a Cova da Piedade apresentou uma feição industrial plena, se bem que a crise da indústria corticeira e a dureza do regime tenham acentuado as clivagens político-sociais. Em 1967, com a instalação dos estaleiros da Lisnave, na Margueira, a oferta de trabalho aumentou exponencialmente, acentuando cada vez mais a importância da construção naval na freguesia.


Destaque para a Histórica "Fábrica de Moagem do Caramujo" que foi outrora o primeiro edifício em Portugal a usar Betão armado, propriedade de Manuel José Gomes em 1865 e que mais tarde passou a ser denominada por "Fábrica de Farinhas Aliança".

Esta Fábrica, foi conhecida por fazer uma das melhores Bolachas e Cereais a nível nacional, de tal forma que alguns populares nos tempos de hoje, testemunham que os mais novos se deslocavam em romaria para a porta da Fábrica, sempre que as primeiras fornadas eram realizadas. Alguns dos Barcos que chegavam ao Cais do Caramujo para abastecer a Fábrica, eram por vezes furtados por alguns locais devido à qualidade destacável dos seus cereais.

Brasão da Freguesia

Armas - Escudo de ouro, barco dos moinhos de negro, aparelhado do mesmo, vestido de vermelho e vogante sobre um ondeado de azul e prata; em chefe um maço e um assentador de tanoeiro, ambos de negro e passados em aspa, entre uma mó de moinho e uma roda dentada, ambas de azul. Coroa mural de prata de três torres.
Listel branco com a legenda a negro: "COVA DA PIEDADE".


Simbologia

O barco - Representa a industria da construção naval e a pesca;

A mó de moinho - Representa a industria da moagem da farinha;
A roda dentada - Representa a industria da freguesia;
O maço e o assentador de tanoeiro - Representa a indústria da tanoaria;
As burelas ondadas de azul e prata - Representa o rio Tejo.

Actualidade

Actualmente, apesar do fecho e mudança das instalações da Lisnave de Almada para Setúbal, e consequente encerramento das fábricas que, indirectamente, contribuíam para as reparações navais, a Cova da Piedade está a rejuvenescer lentamente e a recuperar os tempos áureos do passado ainda que, por entre as históricas ruas da vila, ainda se respire ares que transportam os visitantes para o passado.

O projecto Almada - Cidade da Água, é um dos exemplos do espírito moderno e entusiasta com que os Piedenses e o respectivo Concelho, perspectivam um futuro cada vez mais próspero e risonho.


Imagens e textos:

  •  Autoria própria   
  •  União das Freguesias da Cova da Piedade, Almada, Pragal e Cacilhas
  •  Biblioteca da Cova da Piedade
  •  Imagens Google


Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora