"Quem sae da Quinta dos Frades, na Outra-Banda, e segue a estrada para o norte, vae ter a um lindo valle, a que chamam Cova da Piedade" 'António Avelino Amaro da Silva'
A Vila
A partir de 1880, a chegada do comboio ao Barreiro
facilita o transporte de matérias-primas, promovendo o processo de
industrialização da zona ribeirinha, onde se instalaram fábricas de
transformação de cortiça, estaleiros de construção naval, um forno de
cal e mais tanoarias.
A proximidade da freguesia com o Rio Tejo, acabou por trazer as suas vantagens, como a já referida construção
naval. A descoberta da utilização motriz do vapor e da electricidade
alteraram significativamente a indústria naval e a concepção dos navios.
Foi então profunda, a transformação em virtude do aparecimento dos
navios de aço e da propulsão a vapor, em detrimento dos navios de
madeira e à vela. Em 1928 outorgou-se o contrato para a construção do
Arsenal do Alfeite, ao abrigo do regime das reparações de guerra alemãs,
tendo as obras de construção sido concluídas em Dezembro de 1937.
No ano seguinte, a Empresa inicia o processo de laboração total, passando a ser considerado um dos maiores e melhor apetrechados estabelecimentos do género em todo o Mundo. Até aos anos 30-40, a Cova da Piedade apresentou uma feição industrial plena, se bem que a crise da indústria corticeira e a dureza do regime tenham acentuado as clivagens político-sociais. Em 1967, com a instalação dos estaleiros da Lisnave, na Margueira, a oferta de trabalho aumentou exponencialmente, acentuando cada vez mais a importância da construção naval na freguesia.
Destaque para a Histórica "Fábrica de Moagem do Caramujo" que foi outrora o primeiro edifício em Portugal a usar Betão armado, propriedade de Manuel José Gomes em 1865
e que mais tarde passou a ser denominada por "Fábrica de Farinhas Aliança".
Esta Fábrica, foi conhecida por fazer uma das melhores Bolachas e Cereais a nível nacional, de tal forma que alguns populares nos tempos de hoje, testemunham que os mais novos se deslocavam em romaria para a porta da Fábrica, sempre que as primeiras fornadas eram realizadas. Alguns dos Barcos que chegavam ao Cais do Caramujo para abastecer a Fábrica, eram por vezes furtados por alguns locais devido à qualidade destacável dos seus cereais.
Brasão da Freguesia
Simbologia
A mó de moinho - Representa a industria da moagem da farinha;
A roda dentada - Representa a industria da freguesia;
O maço e o assentador de tanoeiro - Representa a indústria da tanoaria;
As burelas ondadas de azul e prata - Representa o rio Tejo.
Actualidade
Actualmente, apesar do fecho e mudança das instalações da Lisnave de Almada para Setúbal, e consequente encerramento das fábricas que, indirectamente, contribuíam para as reparações navais, a Cova da Piedade está a rejuvenescer lentamente e a recuperar os tempos áureos do passado ainda que, por entre as históricas ruas da vila, ainda se respire ares que transportam os visitantes para o passado.
O projecto Almada - Cidade da Água, é um dos exemplos do espírito moderno e entusiasta com que os Piedenses e o respectivo Concelho, perspectivam um futuro cada vez mais próspero e risonho.
Imagens e textos:
- Autoria própria
- União das Freguesias da Cova da Piedade, Almada, Pragal e Cacilhas
- Biblioteca da Cova da Piedade
- Imagens Google